"Vivo a enebriante liberdade de escrever sobre o que vivo"..esta frase permeia meu universo interior.. A lí em um blog, perdão por nao lembrar mais onde foi...
Sou uma privilegiada. Num universo de analfabetos, semi-analfabetos, cegos que não veem o mundo ao redor,eu me sinto rainha em terra de cegos.
Sentada de costas para a porta de vidro, eu só ouvi o barulho. Olhei pela porta e vi a chuva chegar, mas levei alguns segundos para descobrir de onde vinha o barulho..um barulho que eu nunca ouvi antes..até agora, escrevendo estas linhas, eu me arrepio com a lembrança daquele som. Talvez seja uma das coisas que eu jamais esquecerei.
Deu tempo de pegar o pote da ração dos gatos, fechar a porta de vidro e sair pela casa, fechando o resto.Mas foi só o que eu consegui fazer.
O vento veio..e com ele a destruição como nunca havia visto.
As cadeiras e redes da varanda se foram pelo ar, junto com arvores e pedaços de galhos enormes..tudo voava ao som daquele barulho louco..e a chuva..pouca agua, mas violenta..louca..a janela quebrou e junto com os vidros, levou os apetrechos da lareira,,molhou quadros, sofá, instrumentos musicais.
E aquele som, maravilhoso, louco, me assustava e encantava...não somos nada..nada..tentei abrir a porta, sair de casa, e não consegui abri-la..achei que havia alguém fazendo força pra ela ficar fechada..era a força do vento, que me impediu de abri-la. Não deu. Não consegui fazer mais nada..parei no meio da sala, achando que restaria pouco pra limpar depois do tufão ter passado.
Deve ter durando poucos minutos.
Mas foram intensos. As arvores estão lá..fiquei pensando nos passaros que, há pouco, eu havia visto voarem com pedras nas patinhas para fazer o ninho aqui na minha porta de entrada..tem um nicho lá, e eles todo ano, nesta época, vem aqui para nidificar...
Agora chove. Coloquei uma lona no lugar da janela quebrada, e estou catando os destroços de arvores e outros itens que voaram pela sala afora.
Minha gata miava grosso..eu tb miaria grosso se pudesse soltar algum som pela boca aberta de medo.
Vivo a inebriante aventura de escrever sobre o que vivo.
Sou uma privilegiada, num mundo de poluição e cinza...eu sobrevivi a um tufão na roça...
o resto..o resto é conversa para depois, no fogão a lenha, já com a casa seca.
e viva a roça, minha gente...
Nenhum comentário:
Postar um comentário