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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Viva a Dodô magrela que se candidatou!

Na roça também tem candidato.

Tem o Joãozinho da farmácia. Vereador pelo PDS.
Tem a Dodô, minha amiga cozinheira do restaurante por quilo lá de Monteiro. Ela é do partido verde. Alisou o cabelo, deixou os dentes mais brancos. Sai de bicicleta, simpática, parando para conversar com todos.
Tem a Gracias, do Postinho de Saúde.
Tem o Alexandre, do Pesqueiro. Estes dias ouvi alguém chamando meu nome num semáforo, lá em São José dos Campos... Fui ver, era a esposa do Alexandre, distribuindo o "santinho" do maridão nas esquinas.
São todos crianças, que mal sabem ler ou escrever.
O problema não é não saber ler ou escrever... Minha avó era semi-analfabeta...quando criança, enfrentou o pai, homem ignorante e agressivo, e foi aprender a ler numa casa vizinha, com as amigas.
Durou pouco.
Mas ela morreu com 96 anos, lendo de tudo...devagar, quase sílaba a sílaba... orgulho de ser neta dela.
São crianças porque não sabem onde estão se metendo. Política já é uma coisa que permeia o pior da humanidade. Tem o que pode ter de melhor, na figura de homens que conhecem o mundo, as leis, o código da vida...mas, puxa...eu vejo os políticos lá da "terrinha"... são "putas velhas", que vivem contando suas aventuras com os recursos daqueles que votaram neles... tudo bem, não tem segredo nenhum.

Dodô é nascida e criada na roça... não é mulher boba, mas é mulher limpa, andando de bicicleta com um sorriso lindo nos lábios pintados, o que é uma novidade. Dodô sempre de touca na cabeça, servindo o povo com fome lá no restaurante.
Pintou os cabelos de vermelho chocolate, porque a dor de cuidar do pai (com Alzeimer e Parkinson juntos) tirou a cor e o brilho dos cabelos dela. Magra, de tanto fumar e de tão pouco comer, já que vivia correndo para cima e para baixo. Diia que o cheiro da comida já bastava.

Dodô quer melhorar de vida. Quer ganhar salário fixo. Não quer lutar por direitos de nada nem de ninguém. Dodô que arrumar um novo amor, porque o coração sofrido quer amar.
Começou a fazer estátuas, com argila. Colocou as peças no restaurante por quilo. Uma hora, alguém tirou lá do balcão para por os doces em compotas deliciosas, que vendem mais do que os estranhos seres eternizados na argila pelas mãos magrelas da Dodô. Homens rústicos saindo de algum objeto inanimado. Seres se contorcendo em quase agonia para explodir na argila dura e ganhar liberdade, liberdade que nunca vem, pois a cena da ruptura foi eternizada no forno. Não há mais conclusão. Apenas o quase despertar para a liberdade... mas ainda preso na pedra.
Acho que Dodô ainda se sente assim. Quer ser livre e feliz, mas ainda esta presa na pedra.

Tenho um pouco desta amiga valorosa e sorridente dentro de mim, correndo magrela em sua bicicleta, com cabelos vermelhos chocolate..lá na praça, falando de sua força e poder com o voto daquele que a ouve quase sem entender.
Vejo que o velho, sentado no banco da praça, em Monteiro, não tem dentes. Ri banguela e pega o papel que Dodô oferece..rs
Cena louca.


Neste ano não voto em ninguém.


Meu voto vai para Milhões de Dodôs que vivem pelo Brasil.
Meu voto vai para a esperança.
Vai para a vida.
Vai para o amor.
Vai pro Universo.
Vai pra você, pra ele, pra ela...pra todo mundo.
Não para um homem ou mulher.
Voto em todo mundo.
Voto no mundo todo.