Eu Não sou porca.
Troco de roupa todo dia.
Tomo banho todos os dias.
Sei, de longe, quando minha louça não foi bem lavada por alguém que só queria me ajudar.
Lavo de novo, sem que meu benfeitor veja, para não ferir sentimentos, mas louça suja nem pensar.
Sempre ouço que ando cheirosa.
Tenho um rato dentro de casa.
Pronto! Falei!
Mas não é porque sou porca, não. Não há lixo acumulado, nem latas sujas largadas em meu terreno; acontece que estou na roça, onde tem bichos e bichinhos por toda parte.
Dona Francisca acha que o ratinho passa por debaixo do vão da porta, que é bem largo. Então eu estou me dedicando a costurar uma cobra, fina e comprida, em algodão colorido, para fazer uma linda peça cheia de areia, para colocar no vão e impedir que o tal roedor entre em casa.
Não vi o bicho. Vejo apenas seu coco, que fica espalhado pela prateleira, perto das farinhas, sabe?? Que nojo. Depois Dona Francisca lembrou que ratinho na roça é limpinho, é mesmo. mas é rato mesmo assim. Ela me ensinou como armava a ratoeira. E eu fui armar, deixar lá na prateleira onde o bichinho passeia. Na hora que eu fui colocar a ratoeira, ela desarmou nos meus dedos, e meu cabelo ficou cheio de restos de isca de rato...aiiiiii..que droga.. que raiva que deu!! Fora a dor, o cheiro no cabelo, a vergonha do erro...orgulho ferido!!
Armei a bicha na própria prateleira, claro, apenas da segunda vez cheguei à esta conclusão. Mas ficou lá. Armada. Não escutei quando desarmou, durante a madrugada. De manhã, fui olhar a armadilha, devagarinho, porque não gosto de fazer isso. Não gosto de tirar o bichinho dali, ele preso. Horrível, sabe??
Bom, fui devagar, olhando através do pires de vidro que estava na frente. Droga! Armadilha desfeita, pouco da isca espalhado pela prateleira, mas o resto foi levado. O rato ainda deixou um coco. Ele deve ser pequeno mesmo, pois o coco é pequenino. Que droga...
Volto quando tiver conseguido..
E aí?? Vai decidir viver no campo?? Na roça??
É uma emoção por dia, meus amigos.
Beijos.