Real Time Web Analytics

terça-feira, 21 de maio de 2013

Deixa pra amanhã

Aqui na roça vou fazendo tudo o que tem na prateleira. Deixo acabar muitos itens na cozinha para descer a montanha e viajar até a cidade, 11 quilômetros daqui.
A cidade é pequena.
Cresce devagar, quase parando.
Todo  mundo correndo pra fazer dinheiro. Nem todo mundo.
O Fred trabalha em tudo o que aparecer: faz roçada, com máquina própria. Toca viola com voz de coral, de noite. E faz shows em São José dos Campos, no violão ou viola.
Paulinho desce e sobe a rua principal, vendendo imóveis, bicos em reformas. Já deu tudo em vida para os filhos. Não tem mais nada em seu nome. Quer paz no coração.


E meu carro, que andava sujo demais, até para meus padrões de limpeza automotivos, precisava de banho. Lembramos que na cidade tem um lava-rápido de roça, uma porteira aberta, um quintal grande com mangueira e aspirador de pó. O desenho mal traçado no muro da casa dizia os preços. Dois meninos lavavam dois carros. Um cada um.
Era hora do almoço.
Não havia mais carros.
A cidade às moscas.
Quando perguntado sobre lavar o carro, o rapaz simplesmente disse pra deixar para amanhã.

É isso.
Maior calma na roça.
A porteira com um carro aguado mal desenhado se fecha.
Não abriria mais hoje.

Lembrei da cara de bunda....
Depois pensei "que se dane..o cara é assim..não quer trabalhar feito louco e ganhar grana. O dinheiro do dia já foi feito."
Deixa pra amanhã.