Estes dias eu revi o Filme "O óleo de Lorenzo".
Adoro Susan Sarandon. Gosto de quase todos os filmes que ela faz. Gosto da pessoa dela, da imagem ruiva na tela.Nick Nolte também é um ótimo ator.
Posso dizer, sem medo de errar, que os dois garantem um bom filme.
Mas saber que os personagens são reais, e que a vida alí retratada em dolby system é vivida no mesmo mundo que o meu, e não de um imundo imaginário, irreal.
Me fez pensar na força do amor entre pais e filhos, na força do ódio entre pai e filhos. Não saberia dizer qual o mais forte, mas certamente posso dizer qual o que faz milagres.
Eu nunca tive filhos. Desde minha infância, reclamo com a vida da obrigatoriedade de parir um ser, e cuidar dele, e zelar pela sua educação e boa conduta moral e espiritual. Por não me sentir capaz de realizar tal intento, ou por achar que o planeta já tem gente demais, pouca água, pouco espaço, sei lá. Não quis viver esta missão.
Missão, por motivos óbvios. Filhos são para a vida toda. Amigos, parentes, companheiros, podemos ter vários durante um espaço de vida. Mas filhos, carregamos em nossa alma para sempre, e se vida houver depois da morte, até lá eles estarão nos corações de pais e mães.
Mães que perdem filhos sabem que a dor caminha lado a lado com elas. Conheci algumas mulheres assim. Mesmo no riso franco, a dor pode ser vista nos olhos que não brilham com a mesma intensidade, nos cabelos que ficaram opacos e brancos mais cedo.
Elas eu não vejo mais, estão vivendo suas vidas, como todos. Mas eu tenho seus semblantes e suas estórias firmes dentro de mim.
Nunca me senti capaz de viver tamanha intensidade de dor, ou de alegria. Sei lá.
Vendo o filme, pensei logo na família Odone. Quis saber quem eles eram. Olhei algumas fotos na internet e me envergonhei da pesquisa.
Eu não precisava fazer aquilo. Naqueles rostos risonhos da foto, eu sabia, viviam intensas emoções. Nos olhos do menino, projetei meus próprios temores, alegrias.
A lição que eles dão já foi apresentada ao público. O aprendizado disso é por nossa conta.
Dia 30 de maio de 2008 Lorenzo morreu, 30 anos depois de ter "morrido".
A vida é divina, que acontece na natureza como algo ainda inexplicável. Vai continuar assim, até depois da morte.
E viver bem, com alegria e paz, é uma tarefa que devo realizar com sabedoria.
Não reclamar.
Fazer uma coisa nova por dia.
Aprender uma nova língua.
Fazer novos amigos.
Recuperar velhos amigos.
Plantar.
Escutar mais.
Viver plenamente.
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