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terça-feira, 27 de julho de 2010

Festa na Roça


Foi convite assim, meio em cima da hora...aliás, aqui ninguém tem pressa pra nada.
Ficam parados horas, de prosa com um passante, fumando um cigarrinho, falando dos vizinhos.
E tem sempre um cãozinho do lado. Engraçado que todo mundo aqui tem seu mascote, que segue o dono por toda parte.
É normal ver o cachorro correndo junto com o cavalo, seguindo o dono pela estrada afora.
Já vi meu vizinho tocando o gadinho magro montado num escort velho, mas lá fora, no chão empoeirado, os cachorros, ajudando.

Até meu cachorro segue meu carro qdo saio da propriedade, o que é um problema pra mim.
Não quero meu cachorro correndo pela estrada afora, seguindo um carro, nem sendo atropelado por caminhões.
Uma coisa que sinto falta nos livros do Tolkien é a falta de animais de estimação.
Afora Huan, pouco se fala de animais de estimação...engraçado como no dia-a-dia aqui eles são indispensáveis.
Mas o assunto era pressa, e eu também não tenho muita pressa de chegar.
Mas cheguei. O convite era pra uma festa, no sitio da Andréa lá na estrada do Machado.
"Acho que vão tocar rock", disse a voz do Bambuíra ao fundo.
Bem, eu fui pra conferir a tal festa no sitio, onde iam tocar rock.
Cheguei e fui me agradando da festa. Gente nova pra mim, comida da roça,
pinhão, batidas de frutas diversas, muita risada, criança correndo, adultos em roda...e lá no fundo, a surpresa:
os meninos que durante o dia roçam pra ganhar um $$, estavam lá, tocando um rock de primeira, que me fez perder o ar. O Cara da guitarra tocava de costas, com a boca, raspou as cordas da guitarra no cabo do microfone, e tirou um gemido longo e doloroso, que fez minha alma voar...que era aquilo, no meio da mata?

O som se expandia no escuro, espalhando aquele gemido..e eu não acreditei quando aquele moço, de uns 14 anos, sentou na batera e começou a brincar com os pauzinhos...nossa..nem a chuva impediu que a festa fosse ate 4 da manha, la na varanda, com tudo improvisado.

Só na roça eu vejo isso. O Fred, mãos de enxada, gente, cara rústico, segurava aquele braço do violão com uma leveza de anjo...Anjo mal, que sabe tocar com a ponta dos dedos, as cordas da alma.

Amo a roça. Amo o rústico, amo a surpresa que quebra o paradigma.

Quem disse que caipira não fala inglês? Tava lá, Jimmy Page da roça, sublime...

E aí, vamos numa festa na casa da Andréa?

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