Vim de São Paulo de ônibus, Pássaro Marrom, direto da grande cidade para São José dos Campos.
Eu não tenho esta coisa de escolher lugar. O que vier marcado no papel da passagem, ótimo. Mas confesso que sempre penso "onde esta a saída de emergência". A janelona que abre, caso tudo dê errado.
E lá fui eu.
Tive "sorte" e tanto na ída quanto na volta alguém conversou a viagem toda no celular. Me fez pensar na loucura que é isso hoje em dia. Sentada num ônibus intermunicipal, escutando a conversa de um compadre cearense, que ia sair de férias, depois de quase 16 anos sem visitar a "terrinha". Conversava com um irmão sobre deixar a esposa na Baia, na casa dos parentes dela, e voltar pra terrinha, solteiro, com um filho adolescente a tiracolo, dizendo em voz bem alta: "-Eu to querendo sair pra balada, sê tá intendeno? Balada, viu-se? Larguei Carminha com os pais dela e to indo pra balada, sê intendeu?".
O ônibus todo entendeu. Pobre Carminha.
E o celular esta em toda parte. Na roça todo caipirinha tem pelo menos um. è verdade que dependendo do lugar, não pega nem com reza braba. Aqui não pega nada, por exemplo. Tem gente (os meninos que vem roçar) que fica andando um tempão pelo terreno procurando sinal no danado do telefone. É até engraçado ver o rosto mostrando nervosismo. Ficam inconformados de não ter sinal. parece que ficam pelados. Engraçado como até bem pouco tempo atrás não havia celulares e todos viviam muito bem sem eles.
Cheguei na rodoviária de São José dos Campos. Sempre me causou estranheza o tamanho da rodoviária. É muito pequenina, por ser de uma das maiores cidades do estado. É um tico, aberta, e sempre com mendigos e mendigas andando pra lá e para cá, alguns até sem muita noção de realidade. Desta vez uma mulher, impossível dizer a idade, por causa da enorme sujeira, cabelos em desalinho, roupas maiores, sapatos enormes, vida sofrida. Ela sorria e andava pela rodoviária carregando um enorme saco imundo nas costas. Vai saber o que levava lá. Seus únicos pertences.
Agora aqui em casa, olho pro armário do quarto e penso no tanto de roupas que eu ainda tenho, apesar de já ter dado uma parte considerável de roupa e sapato. Faz tempo que sou adepta de dar uma peça quando eu compro ou ganho uma peça. Guardar tudo não dá; usar tudo impossível.
Voltar para a roça tem mais significados do que simplesmente voltar para casa. Se só fosse este o motivo, já seria ótimo. Casa é lar, fica-se bem entendido. Um lugar gostoso para se voltar depois de se ter passado um tempo fora. Lar.
Mas voltar pra roça tem seus significados mais amplos: saúde, por exemplo. Eu levanto mais animada com as tarefas da casa. Tem as tarefas de fora, com plantas, horta. Tudo isso mexe muito com o corpo, em contato com as plantas, o sol.
É disso que eu sinto falta. Do ar cheiroso e cheio de sons que vem da mata, do rio, dos pássaros.
Dos animais domésticos, que eu cuido com amor. Ás vezes perco o contato com a realidade, e os chamo de filhos, bebês, mas isso fica apenas entre nós: sou uma péssima mãe de bichos. Odeio levar animais em veterinários e quando tem que tomar remédio eu prefiro o jeito mais prático. acabo dando o necessário e só.
Estou me preparando para fazer sabão de óleo usado.
Cortei a roseira hoje e vou fazer muitas mudas da flor (pelo menos uma das flores) mais linda do mundo.
Sempre atenta. Ontem entrei no banheiro. Era noite e eu optei por entrar no escuro mesmo.
Quando percebi que meus pelos do braço haviam se eriçado, eu resolvi acender a luz. Meus olhos demoraram a entender o que estava: uma enorme, enorme aranha preta, com uma bunda gigante, estava na pia branca e lisa do banheiro; Putz...era bem grande mesmo. Foi morta com uma paulada de vassoura. Direto pro lixo. Mas eu achei legal o corpo arrepiar se eu estar vendo conscientemente, sabe??
Doido né? Ver com o corpo e não só com os olhos.
Daqui a pouco desço pra horta, e pra estufa. Vou fazer as mudas da rosa que eu podei.
Beijão e até.
Eu não tenho esta coisa de escolher lugar. O que vier marcado no papel da passagem, ótimo. Mas confesso que sempre penso "onde esta a saída de emergência". A janelona que abre, caso tudo dê errado.
E lá fui eu.
Tive "sorte" e tanto na ída quanto na volta alguém conversou a viagem toda no celular. Me fez pensar na loucura que é isso hoje em dia. Sentada num ônibus intermunicipal, escutando a conversa de um compadre cearense, que ia sair de férias, depois de quase 16 anos sem visitar a "terrinha". Conversava com um irmão sobre deixar a esposa na Baia, na casa dos parentes dela, e voltar pra terrinha, solteiro, com um filho adolescente a tiracolo, dizendo em voz bem alta: "-Eu to querendo sair pra balada, sê tá intendeno? Balada, viu-se? Larguei Carminha com os pais dela e to indo pra balada, sê intendeu?".
O ônibus todo entendeu. Pobre Carminha.
E o celular esta em toda parte. Na roça todo caipirinha tem pelo menos um. è verdade que dependendo do lugar, não pega nem com reza braba. Aqui não pega nada, por exemplo. Tem gente (os meninos que vem roçar) que fica andando um tempão pelo terreno procurando sinal no danado do telefone. É até engraçado ver o rosto mostrando nervosismo. Ficam inconformados de não ter sinal. parece que ficam pelados. Engraçado como até bem pouco tempo atrás não havia celulares e todos viviam muito bem sem eles.
Cheguei na rodoviária de São José dos Campos. Sempre me causou estranheza o tamanho da rodoviária. É muito pequenina, por ser de uma das maiores cidades do estado. É um tico, aberta, e sempre com mendigos e mendigas andando pra lá e para cá, alguns até sem muita noção de realidade. Desta vez uma mulher, impossível dizer a idade, por causa da enorme sujeira, cabelos em desalinho, roupas maiores, sapatos enormes, vida sofrida. Ela sorria e andava pela rodoviária carregando um enorme saco imundo nas costas. Vai saber o que levava lá. Seus únicos pertences.
Agora aqui em casa, olho pro armário do quarto e penso no tanto de roupas que eu ainda tenho, apesar de já ter dado uma parte considerável de roupa e sapato. Faz tempo que sou adepta de dar uma peça quando eu compro ou ganho uma peça. Guardar tudo não dá; usar tudo impossível.
Voltar para a roça tem mais significados do que simplesmente voltar para casa. Se só fosse este o motivo, já seria ótimo. Casa é lar, fica-se bem entendido. Um lugar gostoso para se voltar depois de se ter passado um tempo fora. Lar.
Mas voltar pra roça tem seus significados mais amplos: saúde, por exemplo. Eu levanto mais animada com as tarefas da casa. Tem as tarefas de fora, com plantas, horta. Tudo isso mexe muito com o corpo, em contato com as plantas, o sol.
É disso que eu sinto falta. Do ar cheiroso e cheio de sons que vem da mata, do rio, dos pássaros.
Dos animais domésticos, que eu cuido com amor. Ás vezes perco o contato com a realidade, e os chamo de filhos, bebês, mas isso fica apenas entre nós: sou uma péssima mãe de bichos. Odeio levar animais em veterinários e quando tem que tomar remédio eu prefiro o jeito mais prático. acabo dando o necessário e só.
Estou me preparando para fazer sabão de óleo usado.
Cortei a roseira hoje e vou fazer muitas mudas da flor (pelo menos uma das flores) mais linda do mundo.
Sempre atenta. Ontem entrei no banheiro. Era noite e eu optei por entrar no escuro mesmo.
Quando percebi que meus pelos do braço haviam se eriçado, eu resolvi acender a luz. Meus olhos demoraram a entender o que estava: uma enorme, enorme aranha preta, com uma bunda gigante, estava na pia branca e lisa do banheiro; Putz...era bem grande mesmo. Foi morta com uma paulada de vassoura. Direto pro lixo. Mas eu achei legal o corpo arrepiar se eu estar vendo conscientemente, sabe??
Doido né? Ver com o corpo e não só com os olhos.
Daqui a pouco desço pra horta, e pra estufa. Vou fazer as mudas da rosa que eu podei.
Beijão e até.
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