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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Manias minhas e um pássaro sonambulo


Ontem eu voltei da cidade.
Eu acho que todo mundo tem suas manias. Quando eu subo no carro, no ônibus, se eu não me vejo "fazendo a viagem", se eu não me vejo "chegando no destino", eu não viajo.
Eu preciso "viajar" primeiro na alma para depois executar o ato na vida "real". Adoro lembrar das palavras do Morfeu à Neo, falando numa sala virtual sobre o que é real e o que é irreal. Vivemos num mundo de sonhos. Não conviver com esta "porta aberta" é não entender a brincadeira.

Mas ontem eu me vi no destino. Me vi chegar, abrir a porteira, e a porta da frente da sala. Enquanto vou dirigindo, checo de vez em quando para saber se me vejo percorrendo os próximos quilômetros.

Manias.

Cheguei em casa quase de noite.
Sozinha.
Silêncio.
Delícia.

Meus animais cuidados. Parei em cada um, agarrei, vi água e comida.

Dor de cabeça. Tenho tido enxaquecas de vomitar de dor. Sumax. Criação da medicina moderna, que entra no organismo matando a dor maldosa que tira minha visão, minha vontade andar e ver luz, sentir cheiros. Tudo me incomoda.

Deitei no sofá e dormi com o tempo, enquanto a dor ia passando. Depois da dor, um torpor natural do remédio. Acordei assustada com barulhos na porta de vidro da entrada. Noitão frio. Escuro. Minha cachorra lá fora, fiel, cuidando da casa. Que barulho era aquele?? Que bicho voava em torno da luz verde da varanda, deixando sombras grandes de asas abertas no chão da sala?? Através do vidro da porta, eu deslumbrava o animal voador.
Pensei logo no morcego daquele domingo, dentro da minha cozinha, fazendo um barulhão com as asas pretas quando batia nos móveis e paredes. Corri e fechei a janela que eu havia deixado aberta. Bem na hora, porque o tal voador bateu logo em seguida no vidro fechado.

Olhei para ver melhor e me espantei com o inusitado: uma andorinha meio perdida na noite. Voando em círculos, parecendo um pouco sonolenta, como em transe. Os pássaros tem sonambulismo? O que tirou essa andorinha do ninho, no meio da madrugada?

A gata estava embrulhada nas cobertas em cima do sofá que me serviu de cama até hoje de manhã bem cedo, quando acordei louca por um café.

Manhã linda de sol.

O pássaro não estava lá. Minha gata dormiu a noite toda do meu lado, sem sair nem para usar o banheiro. Não comeu o pobre perdido, que tem mais um dia de vida na roça.

Manhã realmente linda.

Viva a roça.

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