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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Minha viagem ao SUS

Hoje eu fui no SUS, pegar um remédio muito caro, oferecido gratuitamente pelo governo do Brasil..
Acordei cedo. Foi uma noite ruim. Acordei três da manhã com os gatos de minha irmã brincando na sala (estou dormindo no sofá da mana quando venho aqui para Sampa. É confortável, eu posso ver tv até a hora de dormir...e posso acordar perto da cozinha...afinal, eu sou viciada em café..já falei disso, né? Tenho alguns vícios, como todo mundo...então, café é um deles.
Surgiu nas aulas de pintura que eu dei durante muitos anos na garagem lá da casa de minha morta mãe, num bairro silencioso da cidade da garoa. Na metade da aula, minha mãe, que Deus a tenha, descia lá da cozinha, com pedaços de bolo, com café fresquinho, levava para minhas alunas, que felizes, paravam com o pincel e as tintas e tomávamos café no quintal....bons tempos. Muitas vezes mergulhei meu pincel na xícara de café fumegante, achando que era águaraz.

Digredi.

Depois de acordar, (Adivinhe???) café, preto, feito na hora, no coador de PANO, claro. Tem que ser de pano.Correr para acordar o papai, tirar o bom velhinho da cama, ver fraldas, dentaduras, remédios e...pronto. Quando ele estava bem, redondinho eu sai, deixando Lilica cuidando dele. Não sou eu quem cuida do papai, é minha irmã quem pega do duro. Não é fácil cuidar de um idoso, doente com Parkinson, há 20 anos!

Sabe, quando se fala de amor, tem que ser com o coração. Outro órgão não vai entender. Os alegres rins, o mal humorado fígado, o orgulhoso cérebro, o descontrolado estômago...quem pode entender de amor melhor do que o coração??? E amor tem de todo jeito.
Amar seu pai e sua mãe tem todo um mistério. Não se sabe bem o que isso significa até que a vida mostra um caminho onde só o amor pode trilhar junto.

Mas isso é com todo tipo de amor.
Amor para filho.
Amor de amigo. Eu amo minha amiga Indiazinha, que morreu estes dias. Não posso, nem quero explicar amor por ela. Só sentir.
Amor de mulher para um homem. Vice-versa.
Tudo tem seu mistério.
Delícia.
Dor.
Tudo junto.

Digredi. De novo.

Fui de táxi. Gente boa sentada no volante, tanto na ida, quanto na volta. Gente que trabalha desde a infância, criando família, dando estudo e condições saudáveis de vida para filhos e esposas. Lutam todos os dias pelo sustento. Tem lá seus defeitos, suas "mumunhas", mas tenho que dizer que é sempre um enorme prazer vir conversando com eles. Hoje dei muita risada com o que me trouxe. Foi ótimo.

Sentei no SUS por um milagre, destes que nos acontecem de tempos em tempos. Eu dei o maior valor por este pequeno milagre, pois o SUS estava LOTADO, cheio de gente, gente aliás que eu amei de ver...quanta gente diferente, com roupas tão particulares, falando tanto de quem as esta vestindo.
Conversei durante horas (duas e meia) com uma mulher muito legal.Rimos e conversamos sobre nossas vidas, nossas doenças, nossas dificuldades e nossas conquistas. Esta parte de contato é divina, com certeza.

No fim, meu post está mais para agradecer a todos e a tudo, pois estou feliz.
Feliz por tudo o que vi, falei e ouvi.
Me alimentei não só de remédios e comida, mas de estórias e vida humana, de sentimentos.
Amo viver,


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