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quinta-feira, 1 de março de 2012

Amigos

Tenho poucos amigos.
Não porque eu seja uma pessoa terrível de se ter por perto.
Não porque eu seja antipática, ou tenha defeitos fortes que impedem pessoas de se chegarem mais intimamente.
Sera que tenho poucos amigos porque não consigo viver intensamente com todos?
Será que meu jeito de ser é mais reservado? Escondido quase??

Amigo é algo muito intenso, muito profundo, para se ter muitos por ai. Não dá tempo para mergulhar de cabeça em todas as águas...
Portanto, os amigos são aqueles que conseguem despertar em mim esta "profundidade de águas" que não vemos o fundo, mas que sabemos, guardam criaturas incríveis, locais nunca antes vistos por nenhum olho humano.
E não sou eu, em absoluto, quem mexe os pauzinhos, dizendo "este vai ser meu amigo", "aquele não vai". "Com este posso ser amiga íntima", "com aquele nem pensar".
Não é assim que funciona a vida. Os amigos, assim como os amores, são reconhecidos pelos olhos, que se "grudam" de forma diferente.

Se tenta não pensar, pensa.
Se lembra, não esquece.
Se esquece, logo se lembra.
Aí começa o diálogo entre duas almas.
Tem Amizade que "nasce" e que parece que não era bebê quando nasceu.. Já nasceu antigo, de outras lembranças, que parecem vão ser lembradas quando se fixa o olhar firme nos olhos do amigo. "De onde mesmo que eu já conheço você?".
Tem amizade que dura anos a fio, rendendo cartas, conversas, risos e choros. A intimidade chega a ser maior do que a que temos com nossos companheiros de jornada, de cama, mesa e banho, sabe?
E tem aquelas que se vê pouco, mas que já está fincada, enraizada no coração, só pelas almas, que se conversam no silêncio, na troca de olhares...em poucas palavras.
Tem amizade que muda, que vai crescendo e quando se percebe, esta maior do que amizade jamais foi. É mais do que amigo, embora mais do que amigo seja uma condição que não pode faltar quando se ama alguém de forma especial. Amizade que muda sem deixar de ser amizade.
Tem amizade que acaba. De intenso que foi queimou e apagou. Deixou o rastro do brilho. A lembrança da Luz.
Tem amizade que acaba. De intenso que foi queimou e apagou. Deixou um rastro de dor, de coisas que não foram bem ditas, nem por palavras, nem por olhar.

Esse diálogo entre amigos vai longe, de qualquer forma que se apresente.

Se temos várias vidas, então a explicação vem fácil: a única coisa que trazemos quando voltamos á vida na carne é o escrínio do coração, já com algumas jóias guardadas como tesouros que são.
Viemos com o baú no peito já com amigos dentro dele.

E, pelo mesmo motivo de termos várias vidas, vamos levar deste aqui as jóias adquiridas e aquelas que trouxemos, mais lapidadas ou não, conforme nossas escolhas.

Escolhas de palavras, de atitudes, de gestos, de vida.
Com nossas escolhas, dilapidamos ou lapidamos nossas joias.
Com nossas escolhas, garantimos nosso futuro.

O que é amigo para você?

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