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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O mar no deserto de Atacama - pequenos relatos de minhas viagens I

Chegamos no deserto do Atacama de avião e duas mochilas. Na verdade, o danado aterrizou em Calama, cidade vizinha. Antes do pouso, só areia e sal. 600 km e uma pequena faixa de cimento na imensidão seca e quente. O vento lá é inacreditável. É difícil manter aquele monstro voador na linha reta. Pensei que eu fosse morrer.

De manhã cedinho, embarcamos numa aventura pelo deserto. Iríamos visitar várias cidades que vivem do turismo. São aldeias no meio do deserto, com pouca água, muita luta. Cada aldeia, uma estória.
Mas venho aqui falar de uma aventura neste dia que tirou meu fôlego e continua fazendo isso. Na minivan, eu pensava, já com fome, iríamos comer. O carro subia a montanha, e os turistas conversavam animados, olhando para o deserto que ficava maior em extensão à medida que a van subia. Lá em cima, quando a van virou, nós todos paramos de falar ao mesmo tempo.

Na imensidão de montanhas, um mar azul e cristalino. Uma visão mágica. Enquanto nós tirávamos fotos, duas pessoas desceram do carro e foram na frente, com o aviso do guia que esclareceu que a água é extremamente salgada, e que em hipótese alguma deveríamos molhar o corpo ou tomar daquela água. Com o sol do deserto, a água salgada na pele queima muito depressa, levantando bolhas. E beber água salgada só dá mais sede.

DA PRA VER NA FOTO AS DUAS PESSOAS QUE FORAM NA FRENTE
Lugar mágico.
Vale muito a pena sair de mochila nas costas pra visitar esse lugar.
Foi um dos melhores almoços da minha vida.
Comida fria, água fresca e muito sol.
Tudo de bom, né?

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

coisas do mundo vistas por alguém da roça II


Ontem eu vim da roça pra cidade.
5:30 da manhã a bicharada da noite está indo dormir e a bicharada do dia, levantando pra mais um dia de lutas.
Tudo igual ontem. Tudo igual amanhã.
Na cidade as coisas são diferentes, com certeza. Nem sempre para o mal.
Pessoas fazem a "troca da guarda" também, pois a cidade não dorme. O turno noturno volta pra casa, e o diurno acorda para o trabalho. Até aí tudo igual.
Mas a semelhança com o mundo da roça termina ai. Nada mais na cidade é natural.
Para começar, a quantidade de gente que circula pelas grandes cidades é um absurdo. Na roça anda-se muito para encontrar alguém. Os cães vão junto com a gente, cheirando o chão e o ar atrás de pistas. De vez em quando ouve-se o ruído de alguma folha mais pesada despencando pelas árvores, caindo no chão. Um pássaro responde ao outro. O som de água da cachoeirinha do "Seu" Isaías é um dos mais gostosos de se ouvir.
Na cidade, tudo lotado.
Hotel cheio. Conversei com o moço do estacionamento, que me disse que é sempre assim. Chega cliente cansado de rodar a cidade atrás de vaga em hotéis. Não tem lugar. E é claro, assunto em toda parte: como vai ser na COPA. Ele fez uma careta: "-Vai ser um inferno, dona (odeio quando me chamam de dona). Se durante a semana, em dias normais, sem evento ou convenção, já é cheio, imagine na COPA." 
Na roça, a cidade é mais calma. Pode não ter lugar na praça principal, mas nas ruinhas ao redor tem sempre uma vaga. Na rua da Igreja é onde eu mais gosto de parar. Rua calma, com o velório á esquerda e o cemitério ao fundo.
Nos semáforos da cidade, a moça sempre risonha entrega o jornal "Metrô", que eu sempre leio. Na roça, faz pouco tempo a farmácia da rua principal começou a vender jornal. Tem só a FOLHA e a revista Veja de vez em quando. Mas, se eu quiser notícias fresquinhas, vou na padaria da Carmem. Lá tem sempre novidade do bairro, da cidade, das estradas.
Na cidade, o crack está em toda parte. Na roça também está invadindo os rincões mais afastados, levando jovens e "não tão jovens" para um buraco sem fundo. Assim como o álcool, que crianças e jovens tem livre acesso. Pinga aqui na roça se dá pra criança beber, sem problema. Os pais de vez em quando dão uma risadinha, como quem diz que não tem jeito mesmo. Uma pena. Ficam moles. indolentes, perdidos. Acabam roubando galinhas, celulares, câmeras digitais pra venderem por uma pedra ou duas. 
Na cidade, as pessoas fazem greve de fome para melhorar a educação. Na roça, os professores falam errado e não sabem que falam errado. Perpetuam, ás vezes com amor, um erro, por não saberem que estão caindo em erro. ( "Menas" PRESSA, gente... seis tão na roça...) Sabe??
Pra comer, tem de tudo. Tem padarias 24h, tem comida de todo lugar do mundo, tem as melhores pizzas. Na minha cidade, eu tenho do melhor. Tem um restaurante japonês, um sushimen de primeira (é professor desta arte em São Paulo). Restaurante sempre vazio (só com alguns turistas mais inteligentes) ou moradores (inteligentes) como eu, que não é turista mas não é "nascido e criado" lá, sabe?? Salmão com capa de gergelim é a melhor pedida. E tem a Pizzaria Cabocla, que tem a melhor pizza de São Paulo, mesmo!!
Não precisa se preocupar com lugar pra estacionar, nem em dar dinheiro pra alguém "guardar" o carro.
Mundos diferentes, mas iguais em muitos pontos.... :)
Roça, roça que te quero verde. Amanhã volto pra roça, se "deusquiser"...
E Ele quer... sempre.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Coisas do mundo vistas por alguém da roça

Hoje eu abri meu note e li uma reportagem falando sobre o povo palestino. Que situação difícil deste povo, tirado de suas terras, vivendo soltos pelo mundo, achando que a violência e o descaso das outras pátrias é a única verdade.
Olhei pela janela. Lá fora, cada ser vivo que vive entre a mata tem seu território. E luta com sua própria vida para defende-lo. Meus cães, enormes e bobos, se tornam gigantes e bravos quando se trata de defender seu território, rosnando e arrepiando os pelinhos das costas. Adoro ver a cena.
As plantas vão crescendo, se expandindo para todos os lados, reclamando a supremacia no território todo da terra, onde eu, incauta, construí minha casa de tijolos e cimento. Elas estão reclamando o que é seu: sua terra, por direito divino.
Se é assim no quintal da minha casa, entre os seres naturais que estavam lá antes de mim, fico imaginando entre os seres humanos, dotados de consciência desde há muito tempo.
Está errado um povo ser tirado de suas terras, obrigado a vagar, viver em acampamentos, enfrentando todo tipo de problema, porque não tem um lugar para chamar de pátria.
As coisas deveriam ser mais simples, se resolvendo de forma rápida, para livrar as pessoas da dor.

Li também que os cientistas britânicos estão inventando uma máquina que lê sinais de mentira nos rostos analisados. Que coisa louca, pensei! Uma máquina para analisar faces humanas para fins de espionagem, ou sei lá mais o que.
Olhei de novo pra janela e pensei: ficamos inventando máquinas para ler os outros, saber dos outros, espionar os outros, cuidar dos outros... Espelho ninguém quer, né?? Se olhar fundo na imagem refletida, ver-se nú(a) e crú(a)... como se é. Na simplicidade da verdade, encontrar-se a si mesmo. The ultimate journey.
Não há nada além deste contato com a alma, pois que isso será o único bem que levaremos desta para melhor.   Nada mais natural, de acordo com as leis que regem nossa natureza planetária: cada um cuide de seu nariz, fazendo seu melhor, cuidando de seu lar, suas coisas, sua vida.
As coisas deveriam ser mais interiores, se resolvendo na velocidade que nosso ser suporta, para nos livrar dos problemas e limites que impomos á nós mesmos.

Lí que o FBI tem pistas de quem vazou as fotos da  Scarlett Johansson na internet. DEIXA VAZAR, gente!!!Deixa a beleza fluir pelas ondas. Adoro homem e não sou homossexual. Mas sou adoradora do belo, da arte. Olhar pela janela e ver só coisa linda também faz parte da vida simples, auto sustentável.

Li que senado adia votação do novo código florestal.
"O artigo 8º do novo código permite que haja modificação ou supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente (APP) nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental".
Que é isso gente?? Deixar uma janela aberta deste jeito, escancarada, para que gente de má fé possa desmatar para "interesse social"?? que é isso?? Utilidade pública?? que é isso?? que medo de tudo ser perder, de desmatarem tudo porque alguém falou que era utilidade pública.
Desta vez, não olhei pela janela. Ver a mata lá fora, verdinha e tão frágil, dependendo cada vez mais dos humanos, me deixou absolutamente triste.
As coisas deveriam caminhar para a Natureza, para a direção do planeta, da vida, da sustentação inteligente, ecológica, limpa, para nos livrarmos de um futuro de seca, de miséria, de fome e doenças. 

O que estamos fazendo em nossos dias?? O que fazemos de nossas horas? Da voz, das mãos, das pernas, da inteligência que "ganhamos"?? O que estamos deixando de fazer?
Que lutas não travamos?
O que estamos esperando?



segunda-feira, 12 de setembro de 2011

  


O Alimento dos Deuses – Terence McKenna

“... a humanidade atravessou um divisor de águas para um  mundo cada vez mais pobre de espírito, mais dominado pelo ego, um mundo cujas energias se aglutinavam no monoideísmo, no patriarcado e no domínio masculino. Daí em diante os grandes relacionamentos vegetais, modeladores das sociedades do Mundo Antigo, declinariam para o status de mistérios, buscas esotéricas de viajantes endinheirados e dos obcecados religiosos e, mais tarde, dos investigadores com inteligência cínica. 

Enquanto os Mistérios desapareciam, o alfabeto fonético ajudava a levar a consciência para um mundo que enfatizava a linguagem escrita e falada, e para longe de um mundo de percepção pictográfica gestáltica. Esses desenvolvimentos reforçaram o surgimento do estilo de cultura dominadora e antivisionária. 

Teve início a escura noite da alma planetária, que chamamos de civilização ocidental”.








PAVAN GURU (Air is the Guru) PANI PITA (Water is the Father) MATA DHARAT MAHAT (The Great Earth is our Mother)

Delícia de música, pra ouvir em qualquer hora.

Uma oração, não importa a letra.

domingo, 11 de setembro de 2011

11 de setembro

No dia 11 de setembro de 2000 eu estava reformando uma casa antiga, recém adquirida numa vila simpática num bairro de sampa, Vila Mariana. "Seu" Almir chefiava os pedreiros que quebravam e desmontavam tudo o que não era mais para existir. Tijolos e cimento vinham ao chão para celebrar o novo, o recomeço. Planos para morar numa casinha linda, com um jardim florido e cheiroso, na busca eterna pela paz. Planos também de viver a difícil comunhão de almas, juntando duas pessoas diferentes num só teto e esperar que tudo dê certo.

Os papéis no escritório amontoavam e eu tentava, naquela manhã, dar ordem em tudo aquilo.
Mas meus olhos grudaram na tela de uma televisão, displicentemente ligada. A moça que dava a notícia titubeava ao informar o que estava acontecendo, ela mesma sem saber o que era aquilo tudo. Estranho como tudo parou dentro de mim, menos a sensação do coração batendo forte.

Hoje, sentada aqui na frente do computador, penso no destino daquelas pessoas e no meu próprio. De alguma forma encantada, que só Deus pode saber de onde vem, a humanidade que há em mim me ligou ao acontecido, e minha alma gemeu de dor.
Ser humana, homo sapiens, igual a qualquer outro no planeta.
Somos todos a mesma coisa, e tão diferentes mesmo assim.
Nossas estórias pessoais são particulares, mas nossa humanidade, não! Nossa humanidade faz de nossa estória uma só.
E a consciência de que caminhamos juntos, na mesma esfera azul, faz com que esta estória seja ainda mais dramática, pois que rodamos ligados uns aos outros pelo universo, escrevendo nossas estórias através do tempo e do espaço, pelo infinito afora.
Somos seres capazes de atos atrozes, contra seres de nossa própria espécie quanto de outras. Violamos, escravizamos, torturamos. Tiramos sangue e dor de qualquer ser vivo que passe em nossa frente. Destruímos habitats inteiros por puro capricho, tirando do natural animais e plantas, sem piedade ou peso na consciência.
Mas a sombra mostra também a luz.
Mostra as mãos que se estendem, as vozes que se levantam no lamento por seus irmãos. Fala da força da união quando nos damos as mãos para algo maior.

Na minha cabeça, penso que ainda teremos muito a sofrer, muita sombra ainda. Não porque não acredito na evolução humana. Apenas acredito que esta evolução se faz a pequeninos passos, lentamente, ás vezes levando os séculos nas costas.

E nossa estória coletiva ainda vai escrever muitas estórias particulares. Nosso planeta azul ainda vai viver fortes emoções. E eu vou apenas fazer a minha parte, da melhor forma possível.