Eu nunca tinha tido cachorro. Muito menos me interessei em estudar as raças antes de escolher. Fui num shopping de bairro e lá estava a feirinha de animais. Num "chiqueirinho" eu vi umas bolinhas de pelos brancos, pulando uns com os outros, dando gritinhos de alegria "infantil". Rusky Canadense, foi a resposta sobre que raça era. Preço de mil reais, com pedigree e tudo. Barato, eu pensei, ainda ganha a vacina aqui no shopping mesmo.
Ego nas alturas, porque ao sair do shopping, a roda de gente querendo saber da bola branca era grande e crescia se eu não saísse andando.
Filhotes comem tudo. Tudo bem. Wicca comeu tudo. Comeu meu manacá do vaso. Comeu minhas roseiras e acabou com meu jardim, que parecia antes dela um éden pequenino e suave no meio do concreto da casa, na vila mariana. Comeu sapatos e corria atrás dos gatos. Foi um inferno.
Na noite de inauguração de uma grande loja de livros na cidade de São Paulo, eu enfrentei o engarrafamento com ela no colo, sofrendo por causa da noite quente. Liguei o ar condicionado e deixei a Wicca no meu colo, tomando vento frio no rosto. Uma menina que pedia dinheiro numa esquina parou na janela, nariz no vidro. Ela ria. Abri a janela, e ela disse com grandes olhos arregalados: que linda, enfiando as mãos para acariciar o pelo macio e alto da Wicca, que adorou o carinho inesperado.
Na foto Wicca segura uma bola verde, que assumia vezes de filhote, nos momentos em que Wicca sofria de gravidez psicológica. Ela agarrava a bola e ninguém chegava perto. Só eu.
No calor, gelo no quintal.
Pra passear, só um homem forte. Eu não tinha forças para segurá-la.
Paguei um ano e meio de handler. Foi ótimo. O Paulo é um moço maravilhoso, e as aulas fizeram bem. Não nego. Mas não ajudaram muito com ela. Selvagem, auto suficiente, mandona e ciumenta.
Quando viemos pro mato, ela foi dada para um casal.
Um dia, tomando café em São Paulo numa padaria de esquina, passou o novo dono com um envelope nas mãos. Nos viu de relance e entrou na padaria atrás da gente. Ai, pensei, ele vai querer devolver a Wicca, que eu chamava carinhosamente de Wicca Cuíca.
Mas foi o contrário. Ele abriu o envelope e me deu as fotos dela, linda, penteada, com um laço enorme cor-de-rosa. Os olhos do homem se encheram de lágrimas e ele nos disse: "-Não foi voce que me deu a Wicca, foi Deus".
Sabe aquilo que te pega sem esperar? Até hj eu agradeço o milagre da Wicca.
Cães eu tenho e vou falar deles mais na frente.
Como a Wicca nunca mais.
Ruskies?? jamais é muito tempo, mas se depender de mim, não mais.
Wicca foi unica.
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