Real Time Web Analytics

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Jeca Tatú moderno e a Ankilostomina Fontoura

A primeira coisa que eu faço quando eu levanto da cama (depois do xixi urgente antes que pingue na calcinha) é olhar pelas janelas, vidros ou portas que me mostrem o exterior. Principalmente agora no inverno, quando a neblina deixa tudo branco, sem visão do em torno. Lindo ver toda a paisagem transformada por algo que não se toca, tão etéreo e improvável como uma nuvem ao alcance das mãos e meu bafo quente deixa riscos de água condensada na janela fria.

Diferentemente das noites, quando não se vê nada, o não ver nada da neblina vem carregado de quase ver, de "achos" que está lá, sabe??

Hoje, na bruma "avalônica", achei que vi um casal de tucanos. Os bicos, mexendo ora para um lado, ora para outro, lembravam braços em blusa amarela, gesticulando no meio da árvore.

E lá está "Seu" Pedro, desde cedinho (chegou com sua motinho, sem atrapalhar... estaciona, tira da malinha a garrafinha de café, seus óculos e materiais de proteção, prepara a máquina de roçar e desaparece) ou o que se ouve do "Seu" Pedro, sumido que está entre a névoa branca e as árvores. Ele é da roça antiga, dos homens de antigamente, que acordam as 4,30 da manhã, passa o café e vai tirar leite das vacas, depois dar milho ás galinhas, que pega na enxada, na roça, no pasto, onde for pra ele ir ele vai. Os moço da roça só querem saber de crack, é o que dizem as más línguas por aí. Verdade! Não digo todos, porque generalizar é coisa de gado. Mas é o mal do século. Muito ruim a situação por aqui.
É verdade também que tem moço da roça que não quer crack, mas também não acorda cedo, não rala com enxada, quer tablet e sorvete Kibon (já foi o tempo do sorvete de massa na banquinha da Rose, sabe?).

Tudo bem querer, né? Eu sei. Só que quer daquele jeito, encostado no pai, que ainda trabalha na enxada, porque não quer trabalhar firme. Quer celular, que não sabe pagar.

Sabe como eu vejo? Jeca Tatu tecnológico, moderno, cheio de botões e barulhos futuristas, mas ainda do mesmo jeito dantes.
Sacou?


Não há mais Ankilostomina Fontoura (que coisa será essa??) que dê jeito.

Mas acho que está tudo dentro dos conformes. Quem quiser voltar para a terra vai ter que aprender (re aprender) a lidar com ela. Faz parte do resgate!

Vem pra roça!!!
Mas na boa!!



terça-feira, 21 de maio de 2013

Deixa pra amanhã

Aqui na roça vou fazendo tudo o que tem na prateleira. Deixo acabar muitos itens na cozinha para descer a montanha e viajar até a cidade, 11 quilômetros daqui.
A cidade é pequena.
Cresce devagar, quase parando.
Todo  mundo correndo pra fazer dinheiro. Nem todo mundo.
O Fred trabalha em tudo o que aparecer: faz roçada, com máquina própria. Toca viola com voz de coral, de noite. E faz shows em São José dos Campos, no violão ou viola.
Paulinho desce e sobe a rua principal, vendendo imóveis, bicos em reformas. Já deu tudo em vida para os filhos. Não tem mais nada em seu nome. Quer paz no coração.


E meu carro, que andava sujo demais, até para meus padrões de limpeza automotivos, precisava de banho. Lembramos que na cidade tem um lava-rápido de roça, uma porteira aberta, um quintal grande com mangueira e aspirador de pó. O desenho mal traçado no muro da casa dizia os preços. Dois meninos lavavam dois carros. Um cada um.
Era hora do almoço.
Não havia mais carros.
A cidade às moscas.
Quando perguntado sobre lavar o carro, o rapaz simplesmente disse pra deixar para amanhã.

É isso.
Maior calma na roça.
A porteira com um carro aguado mal desenhado se fecha.
Não abriria mais hoje.

Lembrei da cara de bunda....
Depois pensei "que se dane..o cara é assim..não quer trabalhar feito louco e ganhar grana. O dinheiro do dia já foi feito."
Deixa pra amanhã.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Keng Lyen e seus peixes que nadam em resina

....e por falar em ilusão, que tal um peixe azul nadando solitário num prato fundo???

Ou uma tartaruguinha verdinha tentando sair de uma tigela???

Ou uma lula largada num prato fundo, olhando para nós como a se perguntar "O que vai acontecer comigo agora???"

lindos, né???
Pintados na resina, os animais em 3D vão saindo dos pratos...
Coisa linda...digita KENG LYE no Google e dá uma olhada nas imagens...



assim também o artista japonês Riusuke Fukahori!!
resina, sabe??
Não sabe???
Vai olhar!!!






Suzana, de Hynek Martinec

Lindo retrato de Suzana..incrível viver nesta era de arte digital, onde imagens da imaginação se confundem em realidade com as do mundo físico.

Não que haja competição natural entre as formas...o que compete são nossos olhos, que ora olham para uma imagem irreal e outra hora olham para o real e não acreditam no que vêem. Não há distinção, não há como saber se aqueles seres são tirados da vida real, ou se apareceram na tela da vida escondida na cabeça de cada um.

Hynek Martinec, além de ótimo desenhista, artista de primeira mão, ainda é poeta das palavras pintadas, quando diz que pintar Suzana foi dividir com as pessoas a intimidade da convivência com outra pessoa, expressa pelos detalhes da casa, na intimidade de um casal refletida nos óculos postos no rosto desgrenhado da Suzana.
Isso não é foto
é pintura acrílica, acredita???


Dá até raiva de ver, ou melhor, de não ver a diferença entre pintura e foto!!
Demais mesmo.
Vale a pena dar uma viajada no site deste cara...maravilhoso!!
Mas quer saber o que eu acho??
Parabéns, Suzana...mulher porreta tá aí.
Sortuda.
:D
 

domingo, 5 de maio de 2013

cara de bunda na roça

Aqui na roça tem um i-pod meio velho, já batido pelos longos períodos de viagens, de festas, de bodes!! Tá lá com quase 5.000 músicas, alguns filmes, computadores, tem uma tv grande, grudada (precariamente, na minha opinião) na parede de tijolo à vista, tem internet e roteador, tem aquecedor e smartphone.. :D

Tem músicas em todos os aparelhos, tem rádios e telas mil. Mas fica tudo desligado, sabe?? Pra que, me fala?? Pra que ouvir sons altos, gente falando, falando, falando, falando, falando mal, falando de buraco, de morte, de assalto, falando de inflação e desemprego... Falando, falando!!

E tem música de igreja, tem música regional, e tem sertaneja e universitários, e tem rock diversos tipos, e tem românticos diversos tipos. Tem tecno, tem valsa e clássicos, tem de tudo um pouco desse mundo infito dos sons, das notas, das cores sonoras...

Mas aqui, eu deixo tudo desligado.
Deixo tudo quietinho no seu lugar, dando preferência para os grilos, as cigarras quando é época delas, os sapos de noite, as corujas, as aves de rapina, os cães, os macacos lá longe, o rio briguento lá embaixo!

Tenho esta qualidade de vida que me permiti ouvir os sons da natureza, de onde eu estiver.

E você quer saber o que me deixa com cara de bunda??? FUNK

Eu não ligo música que é para não atrapalhar... aí passa um imbecil, de carro ou celular, com "aquilo" tocando firme e alto no rádio. Que pena.

Os insetos param, os animais fogem, e a vida não continua, ela estanca, chocada com a violência, com a falta de qualidade.
Que droga!!
Que lixo!!
Que M.