Ontem eu estava super cansada.
Acordei cedo, fiz café... cuidei do papai, lavei roupa, cuidei de várias refeições (com suco natural a tarde toda), fiz mais café e assim foi até 21:30.
Meu pai no banheiro..eu já estava falando para ele escovar os dentes... e foi só isso. O Resto foi loucura. Primeiro latidos doidos. Melão e Cuíca começaram a gritar..uivar..eu sai gritando da casa, pois eu sabia que algo estava acontecendo.
Deu tempo de ver a segunda onda de espinhos que o porco-espinho lançou neles. Coitados. Gritavam e esfregavam os focinhos no chão.
Cara, eu sou urbana. Vivo na roça, acho tudo lindo, maravilhoso, mas meu espírito é criança ainda na vida no mato. Ver meus cães daquele jeito foi horrível. Catei a Cuíca e arranquei alguns do focinho dela. Não deu mais, por causa do sangue que escorria, deixando tudo escorregadio. O porco-espinho estava pendurado na corrente da água da calha... estava lá, penduradinho, nervoso com aqueles monstros gritando e mordendo ele, justo ele.
Bicho mais esquisito. Todo amarelo, parecendo de borracha...aqueles longos espinhos emborrachados.
Era tarde na hora que eu liguei pro veterinário. Ele já estava dormindo e disse que não poderia vir. Estava em outra cidade. Mas ligou para um amigo, que mora perto. Manda ele, agora. Ele veio. Cara de sono, óculos mal colocados no rosto jovem. "-Tudo bem...vivo disso!!". Achei graça.
Subimos a montanha na noite que foi uma das mais estreladas do ano.
Primeiro a Cuíca. Uma porta serviu de mesa, uma corda segurou o soro, uma gilete raspou os pelos da linda, que tremia. Não se mexeu, porque confia em mim. Mas tremia. Foi caindo no meu colo enquanto o anestésico ia fazendo efeito. Tirou 16 do céu da boca. focinho. boca.
Depois o Melão. Tirou muitos também. Foi tão bonzinho que o veterinário cobrou menos... :)
Ficaram os dois na lavanderia, para que quando acordassem não saíssem por aí, grogues. Podiam pisar numa cobra, cair no rio, vai saber...
Ficaram lá, um deitado perto do outro, sem espinho nenhum. Aliás, ficou um espinho no queixo do Melão. Vai ficar com ele lá. Então vai inflamar. Tomou agora remédio para não doer. Tomou anti-inflamatório para não deixar pus no bocão.
Antes de sair, o veterinário ainda saiu comigo pelos redores da casa. Noite linda. Lanterna na mão. Olhamos telhado (o porco-espinho ficou por lá um tempo, mas já tinha saído), chão..tudo. Não era para o porco aparecer de novo. Vamos ver.
Hoje correram, brincaram, comeram. Não lembraram da noite ruim.
Mas quer saber?
Que experiência.
E que maravilha, morar aqui no mato, ligar de noite alta para um veterinário e ele aparecer na noite, como um cavaleiro branco.
Vem pra roça, vem...