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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O Raio-x do Melão

 Aqui o Melão era "filhotinho", se bem que ele nunca foi exatamente "inho"...

Tem 3 meses que o Melão manca da pata traseira direita...
Ai eu chamei o Fernando, veterinário porreta, gente boa. Nas conversas com ele, mostra o carinho pelos animais que trata. Chora por causa dos maus tratos em vacas, cães e cavalos, aqui pelo pessoal da roça, "rústicos" e duros no coração quando o assunto é bicho. Para eles, bicho não tem alma, nem sentimentos, nem merece consideração.

Meu vizinho, em dia de festa, se veste com espora prateada, com fivela igual á do cinto. Chapéu combinando com a capa, e cavalo lustroso e escovado. Num dia de festa, falando comigo, levanta o pé num gesto de chute e, quando eu menos espero, chuta o focinho do fila do vizinho, que se aproximava lento e bonachão. Com o gosto de sangue que saía da ferida da espora na carne, o fila sai correndo e ganindo, para nunca mais voltar. Continua a conversa exatamente do ponto em que parou antes do chute, como se nada tivesse acontecido. Confesso que perdi a vontade de conversar e saí chateada com tudo aquilo.

Fernando faz exames no Melão, dá remédios. Ajudam na dor, ele manca menos, mas não resolve. Aí Fernando me passa uma guia e diz sério: "Tem que tirar chapa". Melão faz cara de dor no chão. Meu coração se fecha. Tadinho dele. Será que é displasia? Aiii..

E logo vem a pergunta: "- Mas Fernando, tem como fazer isso aqui na roça? O Melão tem 50 quilos, uma mandíbula de fila (o pai dele foi o que correu da esporada que levou) e nunca chegou perto de um carro nos seus quase 5 anos de vida, aliás, morre de medo...".

Fernando é homem da roça, acostumado com isso. Disse que não tinha problema. Ia chamar a Helen. Sacou do celular e me deu o número. É só agendar com a moça e com a clínica em São José dos Campos.

Tudo agendado, no dia certo a Helen chega, com sua pick-up e a "caixinha" de transporte.

Foi uma luta louca colocar o bichão lá dentro da caixa, que cada vez que a gente empurrava o bicho, menor ficava.
Ele fazia força pra não entrar..patas grudadas no chão da pick-up...corpo retesado e duro, não se mexia.
Nós duas empurrando, puxando, levantando as patas do chão pra ver se ele desgrudava...
Suadas, paramos as duas para pensar num jeito melhor. A Helen deu a idéia: vamos enfiar o Melão de ré na caixa.

Foi o que fizemos. Viramos e, olhando cara a cara com a fera, fomos empurrando o bichão caixa adentro, até que o focinho passou pela porta, e mais do que depressa, a Helen fechou a caixa, com nosso trunfo preso, tremendo mais do que vara verde.
Coitado. Tremia mesmo, com aqueles olhos pidões, com medo.

Caixa bem amarradinha lá trás, fomos para a cabine do carro e estrada afora, conversando, nem vi o tempo passar.

Tirar o bicho da caixa, entrar na clínica, ficar na sala de espera SOZINHO, para não assustar nem ficar mais assustado ainda. Isso tudo em quase 20minutos de puxar e empurrar. Ele simplesmente não se mexia.

Na hora do raio-x, outra luta.
Colocado o Melão na maca, de barriga para cima, eu de colete, segurando as patas da frente junto ao rosto dele, que olhava amedrontado para mim. O moço segurava as patas traseiras e a veterinária acionava os comandos.

"Vamos Melão, esta acabando"... "-Isso mesmo, converse com o animal, deixe o animal o mais relaxado possível...já esta acabando..espere até ver se deu tudo certo....deu tudo certo..podem desvirar o animal".

Alívio. Para ele e para nós.

Colocar o Melão na caixa, de ré, na volta foi bem mais fácil do que na ida.
Nós três já estávamos sabendo o que ia dar..um empurra-empurra, caixa, viagem, soltar no sitio.

Correr, correr e não chegar perto da "mamãe" por um tempo.
Já fizemos as pazes.
Ontem o remedinho dele eu dei no caldinho do que sobrou com um pouquinho de pão velho. Amou.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Pensamentos, de Merleau-Ponty

"Por meu campo perceptível, com seus horizontes espaciais, estou presente em meu meio, coexistindo com todas as outras paisagens que se estendem além, e todas essas perspectivas formam, juntas, uma única onda temporal, um instante no mundo".



"Ao quebrar o silêncio, a linguagem realiza o que o silêncio pretendia e não conseguiu obter".




Para ser completamente Homem, indispensável se torna ser um pouco mais e um pouco menos do que um homem.




"è verdade, como diz Marx, que a história não anda com a cabeça, mas também é verdade que ela não pensa com os pés. Ou antes, nós não devemos nos ocupar nem com a "cabeça", nem com seus "pés", mas de seu "corpo".



domingo, 1 de janeiro de 2012

Minha neta Isabella


Lí todos os livros de Tolkien, várias vezes. A emoção é sempre a mesma. Uma sensação deliciosa de sentir. Gosto de relê-lo porque ele me faz MUITO bem.

Tomo café porque adoro a sensação indescritível de prazer quando aquele líquido preto desce pela garganta, esquentando minha alma.

Moro no mato porque meu corpo, meu espírito e minha mente, se sentem em casa, porque não importa qual árvore eu terei como companheira... estarei sempre em casa ao lado dela.

Tenho cães e gatos e não consigo imaginar minha vida sem eles.

Adoro estrelas. Estudar constelações... Fazer o curso de reconhecimento celeste foi uma das coisas mais incríveis que eu fiz para eu mesma. Amei me dar este curso.

Amo Coldplay.
Amo orquídeas, rosas e lírios.
Amo pores-de-sol. Amo nasceres de sol.
Amo conversas com amigos que duram horas, que entram pelo peito, que vasculham gavetas e cantos de quartos, á procura de algum segredo, de algum escondido que valha a pena sangrar pra fora...

Amo internet, nas minhas viagens intermináveis por todo lugar, em qualquer hora, para fazer qualquer coisa...

Amo pintar e desenhar.
Amo pessoas, importantes e especiais, todas elas.

Junta tudo, e aí dá pra chegar perto de sentir o que é ser avó.

Ainda me lembro quando eu saí a primeira vez no pátio da escola para meu primeiro "recreio" no meu primeiro dia de aula no primeiro ano do colégio estadual Professor Reynaldo Porchat. Menina de tudo. Com medo da agitação, da gritaria louca, da enorme quantidade de crianças que corria pelos corredores, saindo sem parar das classes abertas, com suas portas escancaradas cuspindo crianças de todos os tipos...que louco.

Hoje, faltando poucos dias para completar 48 anos, eu tenho uma neta, que vai começar, daqui a pouco tempo, se o mundo não acabar, a escola, e eu vou levá-la de mãos dadas ao seu primeiro dia de aula no primeiro ano do colégio e vou dizer que ela que não precisa ter medo não ...