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domingo, 1 de agosto de 2010

Wicca Cuíca

Eu nunca tinha tido cachorro. Muito menos me interessei em estudar as raças antes de escolher. Fui num shopping de bairro e lá estava a feirinha de animais. Num "chiqueirinho" eu vi umas bolinhas de pelos brancos, pulando uns com os outros, dando gritinhos de alegria "infantil". Rusky Canadense, foi a resposta sobre que raça era. Preço de mil reais, com pedigree e tudo. Barato, eu pensei, ainda ganha a vacina aqui no shopping mesmo.

Ego nas alturas, porque ao sair do shopping, a roda de gente querendo saber da bola branca era grande e crescia se eu não saísse andando.

Filhotes comem tudo. Tudo bem. Wicca comeu tudo. Comeu meu manacá do vaso. Comeu minhas roseiras e acabou com meu jardim, que parecia antes dela um éden pequenino e suave no meio do concreto da casa, na vila mariana. Comeu sapatos e corria atrás dos gatos. Foi um inferno.

Na noite de inauguração de uma grande loja de livros na cidade de São Paulo, eu enfrentei o engarrafamento com ela no colo, sofrendo por causa da noite quente. Liguei o ar condicionado e deixei a Wicca no meu colo, tomando vento frio no rosto. Uma menina que pedia dinheiro numa esquina parou na janela, nariz no vidro. Ela ria. Abri a janela, e ela disse com grandes olhos arregalados: que linda, enfiando as mãos para acariciar o pelo macio e alto da Wicca, que adorou o carinho inesperado.

Na foto Wicca segura uma bola verde, que assumia vezes de filhote, nos momentos em que Wicca sofria de gravidez psicológica. Ela agarrava a bola e ninguém chegava perto. Só eu.

No calor, gelo no quintal.

Pra passear, só um homem forte. Eu não tinha forças para segurá-la.

Paguei um ano e meio de handler. Foi ótimo. O Paulo é um moço maravilhoso, e as aulas fizeram bem. Não nego. Mas não ajudaram muito com ela. Selvagem, auto suficiente, mandona e ciumenta.

Quando viemos pro mato, ela foi dada para um casal.

Um dia, tomando café em São Paulo numa padaria de esquina, passou o novo dono com um envelope nas mãos. Nos viu de relance e entrou na padaria atrás da gente. Ai, pensei, ele vai querer devolver a Wicca, que eu chamava carinhosamente de Wicca Cuíca.

Mas foi o contrário. Ele abriu o envelope e me deu as fotos dela, linda, penteada, com um laço enorme cor-de-rosa. Os olhos do homem se encheram de lágrimas e ele nos disse: "-Não foi voce que me deu a Wicca, foi Deus".

Sabe aquilo que te pega sem esperar? Até hj eu agradeço o milagre da Wicca.
Cães eu tenho e vou falar deles mais na frente.
Como a Wicca nunca mais.
Ruskies?? jamais é muito tempo, mas se depender de mim, não mais.
Wicca foi unica.

Eutanásia R$ 80,00



Eu me sinto privilegiada quando penso na convivência com meus animais.
Tudo bem..Diversidade... tem gente que não gosta de bicho, que prefere bichos longe, na natureza..tem gente que não gosta de limpar "sujeira", que não quer ter trabalho.
Tem gente alérgica, e outros tantos motivos pra não se ter bichos por perto.

Eu vivi muitos anos da minha vida sem bichos.
Quando peguei meus dois gatos, eu sabia que, depois daquele dia, eu jamais ficaria sem animais. Não posso mais me imaginar vivendo sem eles.

Minha gatinha Pretagil foi uma estrelinha preta que passou na minha vida..linda, falante, amorosa e linda, gente... Muito linda. Era de roça mesmo. Caçava tudo... comia todos.

Quando saiu pelo mato aos 8 meses eu bem sabia: aii meu deus, pensei, bobeei... Pretagil vai voltar barriguda..e dito e feito..voltou com 4 bebes na barriga, que quando nasceram, ela fez questão de me levar no dia seguinte ao nascimento, para a caixinha de cordas lá em cima na garagem... e lá estavam eles. Nasceram no final do ano.

Quando ela tirou eles de lá fez questão de apresentar um a um para os cães da casa, Melão e Neco. Veio como nos filmes, com um bebe na boca, colocando no chão e rosnando pros amigos caninos, indicando que aquele bebe era dela e que não podia morder. Eles entenderam. Aliás, verdade seja dita, eles tinham o maior respeito pela Preta. Ela é que dava as ordens no barraco.

Um dia subiu a montanha com um preá enorme na boca. Levou ate a varanda, onde as "crianças" estavam. Ela levou o bichinho vivo, e ensinou a matar. E os 4 comeram a preá inteirinha, deixando o intestino.. O resto foi tudo.

Eu digo que sou privilegiada de ver tudo isso.

Quando ela ficou doente, eu sabia que era o fim da Preta. Doeu demais deixar ela lá, pra matar. Nunca mais vou me esquecer disso.
Paguei R$ 80,00 (oitenta reais) pra ela morrer.
Obrigada Preta.
Amei ter voce.
Te amo, viu?