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terça-feira, 30 de novembro de 2010

O Dia do Saci

Se já contei, foi de relance... vai aqui a estória toda.
Que começa como muitas das estórias daqui. Foi num dia comum, faz um tempo já, que eu saí do sítio pra fazer compras no supermercado principal da cidade. Mas era segunda-feira, e eu esqueci que "de segunda eles fecham, porque abriram de domingo". Que fazer? Pão na padaria, quitanda tem legumes e verduras e frutas..e tá muito bom.
Mas no caminho topei com o Bambuíra, e ele me conta, feliz, que foi com sua turma da escola (Bambuíra, durante o dia, é professor Gilson, de Geografia) para a mata fotografar sacis.


Vim morar na cidade certa, pensei comigo mesma.
Contou a estória de um amigo que, em São Luiz do Paraitinga, fundou a ONG Sousaci, que esta promovendo uma campanha para Mascote da copa de 2014. SACI-Mascote é a idéia.
Tem site com abaixo-assinado, e lei que dá ao nosso Saci um dia de comemoração:

"GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Lei nº 11.669, de 13 de janeiro de 2004

Projeto de lei nº 1128/2003, do deputado Afonso Lobato - PV

Institui o "Dia do Saci"

O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:

Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei:

Artigo 1º - Fica Instituído o "Dia do Saci", a ser comemorado, anualmente, no dia 31 de outubro.

Artigo 2º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Palácio dos Bandeirantes, aos 13 de janeiro de 2004.
Geraldo Alckmin

Cláudia Maria Costin - Secretária da Cultura
Arnaldo Madeira Secretário - Chefe da Casa Civil
Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa, aos 13 de janeiro de 2004".

E o Prof. Gilson garante que as fotos não desmentem o que ele já sabia: que saci existe.

Me prometeu as fotos, assim que ficassem prontas.. este dia já se perdeu no tempo.

As fotos eu nunca vi.
Mas quer saber de uma coisa? Por que raios eu preciso de fotos, se seu já sei que Saci existe??

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Crianças peludas


Não há nem deve haver explicação para este cartaz. As imagens falam por si.
Crianças, peludas ou não, não deveriam ser abandonadas.
Humanos, bons ou não, não deveriam ter esta liberdade de dispor de outros seres, humanos ou não.
Pessoas de mau coração, de má índole, cretinos e idiotas, monstros, descuidados e sem o mínimo de consideração não deveriam criar nada. Não são capazes disso.
A criação, seja ela de uma flor ou de um animal, é para os dadivosos, para seres especiais, com ligação no divino.
Criar algo ou alguém é um ato de amor, de doação de vida e carinho, de sustento físico e espiritual.
Conviver com animais é um prazer que deveria ser reservado naturalmente pela Mãe Divina. Apenas os de energia verde poderiam se aproximar e cuidar de animais.
Mas a Mãe é Divina.
Deixa que o solbrilhe sobre todos.
Deixa que a vida prolifere no bem ou no mal.
Deixa que os seres humanos passeem sobre sua superfície como reis.
Mas a Mãe também cuida. Só que a velocidade dela é dferente da nossa. Mas funciona melhor do que a nossa.
E é com isso que eu, milhares de pessoas como eu e todos os animais, extintos ou em extinção, contamos. Nós confiamos na Vida, na Justiça e na força do Bem.
Malditos seres humanos que abandonam e ferem crianças, peludas ou não..
Malditos seres humanos que não respeitam nem dão valor à vida.
No inferno, a única criatura que voces verão será um animal...e será pelas patas dele que voces sairão do inferno..ouviu?? Pela bondade de um dos animais que vcs abanonaram.
Terão que pedir um favor a um animal.
e eu vou querer tirar uma foto.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Depressão verde II - a Romântica e um dia de cada vez

Quando se está com depressão o mundo parece que pára. Não gira mais comigo dentro. As coisas acontecem do lado de fora, sem que o deprimido se dê conta.

Mas gente deprimida também sente. E sente muito fortemente. Pelo menos comigo é assim...É um sentir diferente do "normal". Eu sei que amo, mas não sei onde ou como acessar esta parte do sentimento. Eu sei que eu gosto daquilo, desta comida, daquela roupa..de determinado gesto... mas no momento em que a depressão toma conta, é como se tudo isso se escondesse em alguma parte de meu ser que eu não sei onde fica. E como foi que eu quebrei esta ponte?? esta conexão com meus sentimentos??
E como saber quando eles voltarem?? Como saber se, no meio desta nuvem negra, meus sentimentos não foram se modificando, e agora eu não sinto mais como sentia antes?
Como eu vou saber se ainda amo, ou se ainda não amo isso ou aquilo??
Como saber que a depressão foi embora e o que eu estou sentindo é mesmo a falta ou o excesso de um sentimento?? Amor ou outra coisa??
Como saber se quem esta sentindo é realmente eu ou algo transmutado pela dor? pelo não sentir??
Aí a mente pode ajudar, ou atrapalhar.
Porque mentalmente posso dizer para quem quer que seja, que eu amo fulano por isso e aquilo, e que eu não gosto de siclano por este ou aquele motivo. E serei capaz de jurar que tudo é real e verdadeiro.
Posso dizer, agorica mesmo, se amo você ou não, mentalmente, isso é, com todos os raciocínios que me diferenciam dos macacos, sabe aqueles 2% que fazem toda a diferença??
Mas tem uma coisa que a depressão não tira: minha capacidade de pensar.
Então, eu penso assim: eu estou com determinado problema...então vamos ver quem pode me ajudar? como podem me ajudar? quem não está ajudando? De quem eu espero ajuda, e de quem eu não espero nada?
Fico impotente quando vejo pessoas que eu amava antes disso, não faz muito tempo, que não me ajudam em nada.
No silêncio que cobra uma atitude "normal" de quem não pode viver normalmente. No momento que não há uma ressonância no outro ser, quando não retorna nada do outro lado, eu penso na minha importância para estas pessoas, ou na importância que eu dei a elas.
Sabe aquela frase que diz que é na adversidade que se conhece um amigo?
Mesmo com depressão, minha capacidade de pensar ainda está lá..e eu penso nisso. No amor que um dia foi tão vital, tão importante como o ar que eu respirava, e na dor do silêncio que se fez depois. É como se eu não fizesse parte da vida destas pessoas, como se eu nunca tivesse sido importante ou vital para elas.
Querer demais?? Fantasias minhas que caem por terra, por causa da depressão??
Então foi isso?? Inventei tudo?? Senti á mais o que não era tão grande?? me deixei levar por sonhos de menina?? Numa hora de problemas, de fraquezas, é mais ou menos isso o que as pessoas fazem...se enganam para não sofrerem mais.
Mas não adianta. Não sabem elas que acabam sofrendo ainda mais??
Acabei caindo nesta armadilha?? amar sem ser amada..querer ardentemente sem recíproca??
Pode ser amor realmente?? O que é engano: o amor que eu sentia ou o amor que eu achava que recebia??
Pode a depressão me afastar assim do meu coração?? Foi ela quem me fez enganar?? Meu romantismo??
Putz..eu não sei.
Só sei que aquele que amei não está do meu lado.
Descubro que eu tenho que me amar.
Descubro que eu tenho que me querer bem.
Faz tempo que não pinto meus cabelos de vermelho.
Faz tempo que não passo lápis nos meus olhos.
Faz tempo que não sinto prazer.
Faz tempo que eu não sentia tanta vontade de estar comigo mesma.
...e aquele que amei (amo...) .. bem... não é justo cobrar nada.
Cada um faz seu melhor.
Certamente ele também faz o melhor que pode.
No silêncio dele, eu ouço meu próprio respirar.
Dói.
Mas não saber da verdade me dói mais.
Por isso a resposta deve estar em mim mesma.
Se nada pode quebrar o silêncio dele, então não há nada que eu possa fazer.
Viver meu momento, minhas dores, meus dramas, minha depressão..um dia de cada vez.
Romântica?? sou sim..descobri..e faz parte do tratamento muito colo, muito carinho, bons tratos, risos e trocas de amor.
Um dia de cada vez?? Claro, mas sorvido aos goles, aproveitado, desde o momento que durmo ate o momento que durmo..24h por dia, 365 dias por ano.
É assim que eu quero..e é assim que vai ser.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Depressão verde


MANHÃ:

Acordou as 9:22 da manhã com os ruídos da faxineira que limpava o quarto de baixo. Dava pra ouvir o arrastar de móveis, a vassoura batendo na parede, ao passar rápida para tirar o pó. Ela sabia como fazer, pois já tinha feito isso várias vezes, por isso, acompanhava os sons com as imagens em sua mente, começando a despertar da longa noite de sono.
Mas acordada percebe que a longa noite de sono poderia ter sido mais longa. Poderia ter durado mais. Era como perceber de repente, que estava acordando tão cansada como quando se deitou na noite anterior. E pior do que isso, além do cansaço sentia uma vontade enorme de se enfiar nos lençóis, se embolar e sumir ali debaixo das cobertas, torcendo para que ninguém mais no mundo se lembre de que ela existe.

Mas o relógio com ponteiros vermelhos indicam um tempo que não pode ser real...se move muito depressa e ela esta acostumada com um tempo lento, que se arrasta pelos minutos afora, combinando com o calor já alto logo cedo de manha.

"-Levante...vamos..primeiro um pé.. não precisa por os dois de uma vez... vai no seu tempo, mas vai...". A frase se repete para cada movimento, que vai, aos poucos, içando o corpo para fora da cama, pesado, como uma baleia ao sair do mar que a sustentava.

Ela se dirige á porta do banheiro, cansada, arrastando os pés, apoiando as mãos nas paredes ásperas de tijolo rústico. O banheiro esta chegando. A luz que vem lá de dentro mostra um dia ensolarado, e a visão do sol vai animar a criatura que agora entra triunfante. No banheiro as coisas parecem melhorar. Não olhando para o espelho, lava as mãos, a boca amarga, escova os dentes, penteia o cabelo sujo, e marca para a noite um banho mais demorado.

"-Vamos, vista-se". Qualquer coisa serve..qualquer coisa serve..."...

TARDE:

"-Calor infernal, sol forte, nada de energia para andar, mexer os dedos, rir ou bocejar. Está se arrastando pela casa, achando que tudo vai mudar. Isso é bom, ela pensa. Mudar é bom. Mudar é a ordem do universo. "Todo lo cambia", diz a música.
Eu também vou mudar. Amanhã tudo vai ser diferente.
Não há vontade de comer..de cozinhar..ai meu deus..cozinhar é um drama, onde tudo dói, tudo perde controle..o sal e o açúcar comandam as colheres..
quando é mesmo a hora de dormir?? Vai mais cedo pra cama hoje. Quem sabe amanhã melhora...
Quando o remédio fizer efeito, tudo muda.
Sono.

NOITE:
Silêncio.Ela dorme pesado, as vezes com dificuldades de acordar.
Amanhã tudo ficará melhor.
Quando o remédio fizer efeito.
Tudo vai mudar.
amanhã.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Maluá, curvas de rio

Fui andar. É bom caminhar pela estrada do sítio. Dá pra ver os seres pequenos que habitam no mato, dá pra acompanhar o crescimento dos pinheiros que brotaram todos em linha reta, como soldados de madeira. Dá pra brincar com os cães, que adoram brincar no rio e chegam molhados e cheirando mal...

E por falar em cheirar mal, roça também tem bezerro morto no meio a estrada, cujo dono largou lá apodrecendo porque dá trabalho recolher bicho morto. O povo aqui costuma jogar tudo no rio. Coisa medonha de ser fazer. O cadáver vai afastando , se enroscando nos galhos e pára, invariavelmente, numa curva de rio.

E eu com isso??? É que eu tenho uma curva de rio na minha propriedade. E isso quer dizer que tudo pára lá. Mas isso é outra estória.

E lá fui eu, andando pela roça, quando viro a esquina de terra e vejo quem?? Silvio e Vivi, meus queridos amigos e Maluá e Cristiane.
Ai começa minha estória;
Coisa de gente diferente, de amigos que se misturam na natureza e inspiram outros a dar valor ao verde e à vida.
Maluá é dedo verde. Caboclo rústico, anda descalço, pegou uma preá morta do chão com os dedos e foi jogar na mata. Já tava cheirando mal. Ufa, pensei. Rústico.
Eles moram em casa simples, casa de gente da roça. Mas já foram pra Suíça, plantar cerejas. A Cris, quando chegou lá, teve um AVC. Veio de maca pro Brasil. Perderam tudo pra voltar pra casa. Sabe como é...gente sem documentos, em hospital da Suíça, acaba pagando muito. Aí voltaram pra roça, aqui na terra brasilis.

E foram morar perto do sitio do Pica-pau amarelo. Por isso eles acham que moram num vortex de maluquice, fruto da aproximação com o Sítio, local já conhecido pelas maluquices.

Maluá e Cris é um casal comum, só que não são comuns em sua vida comum. São seres diferentes dos outros que caminham pelo asfalto ou terra.

Quer ver?? Eles tem uma ovelha, a Méh, que anda com os cães como se fosse um deles. Quando os cães se agitam, correndo atrás de carros ou motoqueiros pela roça afora, a Méh sai quicando nas 4 patas, durinha, correndo aos pulos com os cães, engrossando o caldo da gritaria.
Quando a Cris e o Malúa chegam de carro, é a Méh quem chega primeiro pra festa no pelo macio e branco.
O galo adora um pato, que se entrega feliz aos prazeres com o galináceo, que procura pelo amante pato no meio dos animais. Se adoram.
Tem também um bode que adora as vacas. Não pode ver uma no cio, que sai feito doido atrás da tal, achando que é um boi dos bons. E aí do boi que for reclamar da diferença de espécies... aí do boi, que leva chifrada na barriga. O Bode já quase matou um assim.

Ninguém comenta estas coisas, porque aqui é assim..tem passagens para locais e pessoas diferentes do normal, tem lugar pra bode trepar com vaca, pra bater em boi. Tem lugar pra galo trepar com pato sem problema de consciência. Tem lugar pra ovelha que pensa que é cachorro.

Tem lugar pra sentar na varanda e pitar um pitinho da roça, destes que fazem figuras de fumaça no ar.
Tem lugar e tempo pra viver, e viver bem...
Vem, vem pra roça você também.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Telefone na roça

Pena que eu joguei a carta fora. Sei agora que não deveria ter feito isso.

A coisa é que de vez em quando resolvo jogar fora tudo o que está parado, tentar arrumar o que está quebrado, dar o que ainda pode ser usado..e quando se joga aquilo que não vai mais usar é justamente quando se abre as portas para o Universo enviar alguém ou alguma coisa para pedir ou precisar daquilo que se foi lixo abaixo.

Bem, o assunto era a tal carta perdida para sempre. Mas para dizer o que havia nesta carta, eu preciso contar uma estória antes.
E a estória começa com minha vinda pro Shire. Entre outras coisas, na bagagem eu trazia uma linha telefônica recebida de herança, ainda da época em que se comprava ações da Telefônica. Vim pra roça com estas ações, e liguei pra tal empresa pedindo que a linha fosse ligada aqui em casa. Eu sabia que não havia telefone por cá, mas achei que pela expansão e por necessidade, logo teríamos o tal aparelho funcionando no mato.

A atendente me disse que meu pedido havia sido feito, que o técnico faria uma visita no local.
E assim foi feito.
Recebi algumas semanas depois a tal da carta, dizendo que o técnico havia visitado o local (meu sítio) e constatado que, para puxar uma linha telefônica era preciso eu comprar 4mil metros de cabos telefônicos e 8 postes, fazendo uma carta doando esse material para a tal empresa. E deveria depois pagar a quantia de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) para a dita.
Liguei pra empresa, pedindo explicações do montante. Não houve nenhuma. Assim fica fácil fazer expansão, às custas do assinante... que vergonha.

Agora me deu vontade de fazer o mesmo pedido. Vou ligar pra pedir uma visita técnica, e ver por quanto fica colocar uma linha telefônica aqui no sítio...quando eu receber uma carta deles, eu posto aqui pra todo mundo ver que isso não é conversa de pescador.